segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Anel Oculto de Anne Bishop

   Depois de nos maravilhar com a Trilogia das Jóias Negras, a autora regressa ao mundo que a fez vencer o prémio Crawford Memorial Fantasy Award. Desta vez para nos contar a história de Jared, um Senhor da Guerra de jóia vermelha. Jared transgrediu todas as regras ao assassinar a sua rainha. Mas no reino dos Sangue, são poucos os
homens que podem sobreviver sem estar sob a vigilância de uma rainha. Conseguirá Jared enfrentar os seus próprios demónios e descobrir o significado de estar verdadeiramente ligado a uma Rainha?
Anel Oculto é um livro isolado, mas tem laços com os acontecimentos da trilogia — especialmente pela presença do inesquecível Daemon Sadi. O mundo de Bishop continua a ser gótico, sensualmente perigoso
e por vezes violento. Um prazer de leitura para os fãs, e uma excelente descoberta para os novos leitores que são apresentados a uma sociedade complexa, exigente, e carregada de personagens tão reais que arrepiam.



     Através de Anel Oculto regressamos ao mundo original de Anne Bishop. No entanto este romance remete-nos para um tempo anterior ao que nos é apresentado na trilogia das Jóias Negras. Mas, para deleite dos amantes da escrita de Anne Bishop, vemos regressar algumas das personagens memoráveis da trilogia primordial: Daemon Sadi e Dorothea.
     O que mais me encantou neste romance foi o facto de funcionar como uma espécie de anexo à trilogia, uma vez que a história que nos é contada é aquela que levou à elaboração do plano de Jaenelle para salvar os Sangue. Esta é a história de uma rainha cinzenta que conseguiu eliminar alguns adversários e, assim, manter o seu território a salvo das mãos de Dorothea, é o "relato" dos acontecimentos que levaram uma grande rainha de jóia cinzenta a confiar a sua vida e a vida de outros a um escravo de prazer. É sobre um homem que conquistou a sua liberdade e aprendeu o verdadeiro significado do serviço e lealdade a uma rainha, e que descobriu o peso e poder dos anéis ocultos (o dourado e o prateado).
     Neste ivro percebemos melhor (pelo menos eu percebi) o derradeiro plano composto por Jaenelle e Daemon para acabar com a corrupção dos Sangue. Entramos em algo que, de algum modo, levou ao desfecho da obra mais conhecida desta autora. Mas não é apenas o relembrar a trilogia que faz desta história algo fascinante. As suas personagens, tão ricas e, mais uma vez, humanas, são um ponto essencial para a magia deste romance. Temos Jared, o escravo sexual, que já atingiu o ponto de ruptura, alguém que perdeu a confiança nos antigos costumes e que se vê confrontado com alguém - Lia - que refuta tudo aquilo em que ele tem acreditado desde que se viu "sozinho" no mundo. Jared é levado a repensar o que julga saber e a retomar os ensinamentos que o pai lhe transmitiu. Vemos Lia amadurecer e passar de uma feiticeira de jóia verde com vontade de proteger tudo e todos, para uma verdadeira rainha de jóia cinzenta capaz de enfrentar a pior das situações. Temos depois Thera e Blayde, duas pessoas que sempre tiveram de se esconder, que nunca puderam ser eles próprios e que, finalmente, podem assumir quem são. Vemos ainda a alegria de viver de Thomas, um meio-Sangue rejeitado tanto pelos Sangue como pelos plebeus, mas que mostra uma enorme vontade de agradar, de servir e de se sentir útil.
     São todas estas personagens que fazem deste romance algo que dá gosto ler. É o regressar a um mundo já nosso conhecido e rever as personagens que nos marcaram e deixaram saudades. É vermos, uma vez mais, a esperança e o desejo ardente que habita em Daemon mas também a sua faceta oculta, calculista e arrepiante, o Sádico.
     Não há muito mais que possa dizer, ou melhor, há, mas aconselho vivamente a quem ainda não o leu que se tiver a oportunidade pegue no livro e entre num mundo onde a magia existe, não só através da Arte, mas que também passa através dos sentimentos e momentos partilhados pelas personagens.
  
     Despeço-me com votos de boas leituras
     Bjs
     Maff G.

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